O Blog

Uma mudança completa merece, no mínimo, uma explicação. Uma explicação, na verdade, de mim para mim. Até esse momento ainda não estruturei argumentos e motivos suficientes para essa modificação, então, vamos lá.

Não gosto muito de me centrar diretamente em assuntos pessoais ou no meu cotidiano, mas é necessário para explicar o motivo do novo nome. Estava eu entrando no CCHLA (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes) da UFRN e passo por Louisy, a secretária da coordenação, com quem converso por minutos praticamente toda semana, mas ela sempre insiste em me chamar de Andrea (e isso foi uma evolução de "menina loirinha"), e não Andressa. Até que resolvi insistir para que aprendesse o meu nome verdadeiro. E, aparentemente, ela aprendeu. Dessa forma, achei estranho quando, ao passar por mim, ela disse: "Ei, Alice!" Porém, considerando a minha pressa e a pressa dela, só pude interrogar, intrigada: "Alice??"

Minutos depois, quando estava esperando o início de uma reunião, Louisy reaparece e repete o dito: "Ei, Alice!" Dessa vez, não me contive e cobrei imediatamente uma explicação para aquela mudança repentina de nomes. Ora, eu sequer pareço com nenhuma das Alices que conheço. Então, ela me disse que Gabi, outra funcionária do CCHLA com quem às vezes converso, sempre me chamou de Alice. Engraçado: eu nunca soube disso, em quase um ano, até ontem. Não tive tempo de perguntar o porquê daquilo, já que no segundo seguinte Louisy, sempre correndo, já tinha adentrado a sala da coordenação. Funcionária exemplar essa Louisy...


De toda forma, fiquei pensativa acerca daquela estranha denominação e comecei a me comparar com Alices... A primeira que me veio a cabeça foi mesmo a Alice Liddell. Aquela do País das Maravilhas. Tenho uma estranha e divertida afinidade com essa Alice. Eu a conheci, primeiramente, quando tinha onze anos. Digo, verdadeiramente, afinal, que tipo de criança nunca ouviu falar de Alice? Mas o livro, o livro mesmo (embora fosse uma versão adaptada), eu li quando tinha essa idade. Na época, me pareceu tão louco quanto cativante. Com o tempo, fui me informando também a respeito de Lewis Carroll, o autor, a quem muitas pessoas criticam por ter, aos trinta anos de idade, escrito um livro para uma criança de apenas dez. Alguns dizem que Carroll tinha um quê de pedófilo. Eu prefiro acreditar que ele compartilhava uma das minhas maiores paixões: encantar pessoas - crianças, principalmente, já que elas se deixam encantar com mais facilidade - com histórias de ficção.

Era exatamente dessa forma que eu me sentia ao ler Alice, agora a versão completa que incluía O País das Maravilhas e Através do Espelho, seis anos após o meu primeiro contato: Encantada. Como se, por alguns poucos minutos, a realidade, que nem sempre me fazia tão feliz quanto àquele livro, não fosse tão importante.

Por isso, me sinto atraída por qualquer produção, texto ou animação que diga respeito à obra. Assisti muitas versões: desde a animação da Disney até a minissérie norte-americana produzida pelo canal Syfy em 2009, em que Alice é uma professora de artes-marciais, adulta, forte, corajosa e curiosa e que acaba apaixonada pelo Chapeleiro. Esse, a propósito, era incrivelmente bonito e nem um pouco louco.
Passei, logicamente, pela Alice de Tim Burton. Não vou criticá-lo, ou esse post ficará bem maior do que (pelo visto) já ficará, mas posso dizer que a produção me encantou tanto quanto as outras Alices que já havia conhecido.

De fato, essa Alice me cativava e tínhamos, pensando bem, algo em comum: ambas somos impetuosas, curiosas, sedentas por experiências e, por isso, corajosas.

Porém, incrivelmente, essa não foi a única Alice que me veio à cabeça e nem a única responsável por o nome no blog. A Alice Suburbana, na verdade, talvez diga mais a respeito à segunda Alice que a essa.



Alice Pieszecki, a engraçada, crítica, dedicada e espontânea jornalista e radialista da série norte-americana The L Word, interpretada pela atriz Leisha Hailey. Alice é sempre aquela que procura entender as complicações, desvendar os mistérios, defender as minorias, e nunca se intimida se acha que está no lugar certo, com o pensamento certo.

O título completo, contudo, foi indicação da minha amiga, Ana Clara. Eu sempre soube que ela tem uma sensibilidade criativa admirável. E como ela escolheu atuar em uma área em que tal dom não é tão aproveitado, tento estimulá-lo de outras formas. Inclusive, de formas a me beneficiar, como aconteceu na madrugada de ontem. Demorei a aceitar que Alice Suburbana seria um título apropriado. Afinal, eu não sou tão suburbana assim. Mas também não sou tão urbana. Sempre preferi a periferia ao centro. Sempre simpatizo mais com grupos menores, com opiniões excluídas e ações não divulgadas. Então, talvez eu seja mesmo suburbana, de alguma forma.

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