quarta-feira, 15 de junho de 2011

"Marcha das Vagabundas" chega ao Brasil. E a Natal

Marcha das Vagabundas em São Paulo

 Não se assuste, leitor. Não se trata de mais uma classe em greve trabalhista. A “Marcha das Vagabundas”, ou “Marcha das Vadias”, como também tem sido chamado no Brasil, é um protesto feminista que tem ganhado visibilidade em todo mundo.

Dizer que os assédios sexuais e estupros acontecem devido à forma como uma mulher se veste - ou não se veste - é o mesmo que sugerir que uma pessoa é morta por um serial killer por andar sozinha, ou que uma mulher é espancada por ter casado com o homem que ama - ou amava.

Uma coisa é certeza: as mulheres não escolhem ser estupradas, e é um problema social, e não apenas delas, que não possam usar seus shorts ou minissaias sem que um maníaco as ataque.

Então, quando o policial Michael Sanguinetti, em um momento infeliz, resolveu sugerir que as universitárias de Toronto, no Canadá, usassem roupas mais "decentes" para ir às aulas a fim de que não fossem assediadas, nada mais justo de que um protesto se formasse: A “Marcha das Vagabundas”, ou SlutWalk. Ora... talvez ele só quisesse ajudar aquelas garotas, mas ajuda mais eficiente seria um incentivo maior na segurança pública para prender os pervertidos.

Em 3 de abril estourou o protesto, quando as universitárias que se sentiram ofendidas pelo comentário do policial canadense e demais simpatizantes da causa saíram às ruas, vestidas a seu bel prazer, com gritos e cartazes de manifesto contra o machismo e a favor da liberdade de não serem julgadas ou penalizadas pela forma como se vestem.

A causa foi adotada por mulheres de vários países. A segunda manifestação deu-se em Boston, nos EUA.  Com a repercussão dos primeiros protestos, o movimento já se espalhou para outras cidades do Canadá e dos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Grã-Bretanha, Holanda, Suécia e até mesmo da Argentina.
No último dia 4, aconteceu a primeira “Marcha das Vagabundas” no Brasil, em São Paulo, com cerca de 300 manifestantes, protestando contra machismo e violência contra a mulher.

Aliás, quem precisa do policial “brucutu”, quando se tem Rafinha Bastos? Em seu show de comédia stand-up, Rafinha, do programa CQC, não hesita antes de fazer comentários machistas e apologias ao estupro. "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus", disse o humorista.

As “sluts” não deixaram barato. Segurando cartazes com frases como “Ensine os homens a respeitar, não as mulheres a temer”, e “Chega de engolir, está na hora de cuspir”, a marcha paulista desceu para a Rua Augusta, onde fica o Comedians, teatro de stand up comedy de Rafinha Bastos. Ao perceber a aproximação da marcha, funcionários do local baixaram as portas rapidamente. Lá, aos gritos de “Estupro não é piada, machismo mata”, as manifestantes colaram cartazes com mensagens anti-violência.

Em Natal, a manifestação acontecerá em conjunto com a Marcha da Liberdade, e já tem dia, local e hora marcada.  A página no Facebook já contabiliza mais de 100 confirmações de presença para o protesto que acontecerá no próximo sábado (18). A concentração começará às 15h, na Praça Vermelha, em Cidade Alta. O Início da Marcha está marcado para as 17h.

A “Marcha da Liberdade” protesta contra o tratamento violento da polícia no confronto com civis e a favor da liberdade “de credo, de assembléia, de amor, de posições políticas, de orientações sexuais, de cognição, de ir e vir… e de resistir”, como define o site do protesto www.marchadaliberdade.org.
Em meio a tantos protestos pelo estado, vale à pena reivindicar o direito de que se façam cumprir os nossos direitos: respeito e liberdade.

Uni-vos, portanto, “vadias” e libertários!

(Originalmente publicado no Jornal Potiguar Notícias)

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