quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cisne Negro x O discurso do rei

Não sei se estou no momento certo para uma postagem, mas o sono não me vem e há algo em mim que diz: escreva! Então, vamos lá.

Quando assisti a Cisne Negro, vi passarem por mim três fases perceptivas diferentes: a primeira (que durou aproximadamente vinte minutos, ou meia hora) foi o encantamento pelos ângulos do filme (câmeras nervosas, ângulos do tipo que põem o espectador não só dentro do filme, mas dentro dos pensamentos da protagonista), pela arte exposta (tanto o balé quanto a atuação da Natalie Portman, e a fotografia, a iluminação). A segunda fase foi aquela "What the fuck". Tenho uma péssima mania de fazer piadas dos filmes que assisto. Mesmo quando os vejo sozinha. Porém, quando assisto com minha melhor amiga, Ana Clara, com quem nao tenho receio de falar nada impróprio, a coisa se torna ainda mais intensa - e divertida, convém dizer. Então, a cada cena aparentemente bizarra, eu simplesmente fazia uma piada e culpava o roteiro maluco daquela produção expetacular. Essa fase deve ter durado quase uma hora. Até que não consegui mais fazer piadas e o filme, na sua última meia hora, me intrigou por completo. Intrigaria qualquer um, na verdade. Assim como o roteiro de Cisne Negro foi adaptado para fazer o expectador sentir-se na pele da protagonista, o enredo segue os mesmos padrões. E quem não conseguir enxergar isso no filme, decidamente não vai achar lá tanta graça. Trata-se da complexidade, da dualidade, do conflito interior que todos temos (alguns mais intensamente, outros menos) e que, no caso de Nina - a personagem de Natalie Portman - intensificou-se quando associado a sua busca pela perfeição. O receio de Nina era continuar a ser aquela "meNina doce" sem muitos atrativos. Talentosa e bela, detentora de técnica e esforço, mas sempre sombreada por alguem mais atraente em algum sentido. O desafio de Nina era duplo: atingir o seu lado Cisne Negro na aprensentação que faria e na sua própria vida. Para ela, a perfeição seria alcançar esse objetivo, que parecia tão difícil.

Quando ela consegue, porém, o filme chega ao seu ápice. Nina se transforma em sua própria opositora e encarna o papel perfeitamente: na peça e na vida real.

Os mais atentos conseguiram notar que todo o enredo do filme fora contato nas primeiras cenas, quando o diretor do Lago dos Cisnes explica às dançarinas de que se tratava a peça. Então, a morte de Nina e a forma como ela aconteceu, inclusive, não foram novidades. O esplendor está, com certeza, na forma como esse enredo foi desenvolvido e não em um final totalmente previsível.
Em uma palavra, Cisne Negro poderia ser definido como complexo. Complexidade. Complexidade humana. Aquela complexidade que faz os mais pensativos, loucos.

A produção, com certeza, merece no mínimo dois Oscars. Eu garantiria sem piscar o de Melhor Atriz e Melhor Fotografia.

Quanto a Melhor Filme, sou um tanto suspeita a opinar, pois, além de ser admiradora incurável da atuação de Natalie Portman, me identifiquei em demasiado com o filme, a ponto de rebaixar O Fantasma da Ópera, de Andrew Lloyd Webber, para o segundo lugar da minha lista de filmes preferidos.

Se Cisne Negro tem a complexidade como marco, o seu maior concorrente na categoria de Melhor Filme, O discurso do rei, ao contrário, poderia ser definido como brilhante por sua simplicidade. O filme é belo sem tanto esforço. Nada de muitos efeitos especiais, nada de chamativos, sequer o enredo era difícil de se entender. Porém, mesmo com o mínimo de ação possível, O discurso do rei foi capaz de prender minha atenção do início ao fim, passando longe da categoria dos entediantes.

O filme foi privilegiado com grandes atuações. Colin Firth e Geoffrey Rush pareciam ser irmãos tamanha era a química que tinham nas cenas. Colin Firth merece, de longe, a estatueta de Melhor Ator. Isso, sem contar a presença sempre marcante de Helena Bonham Carter (confesso que foi um tanto estranho vê-la em um papel "normal" depois de Bellatrix Lestrange e da Rainha de Copas).

O filme chega a ser emocionante, por ser leve, e me fez, particularmente, refletir sobre coisas simples da vida. Valores como amizade, humildade e princípios como determinação e coragem.

Em uma linguagem simbólica, podemos dizer que O discurso do rei toca o coração enquanto Cisne Negro força e indaga a mente.

Porém, uma coisa é certa: os dois merecem minutos e até horas de reflexão ao fim da sessão. Quem sabe algumas lágrimas, para os mais sensíveis.

Trailer de Cisne Negro


Trailer de O Discurso do Rei

Um comentário:

  1. olá
    meu nome é lulu mari
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